domingo, 23 de setembro de 2012

Descobrindo novos talentos


* Po
   Estes são os textos escolhidos pela Comissão Julgadora Escolar da Olimpíada da Língua Portuguesa dos alunos da E.M."Duque de Caxias". 

 Parabéns a todos pelo empenho e dedicação.


* Poema
Lugar bom de viver

Quando eu abro a janela do lugar onde moro, 
Eu sinto cheiro de melado e de rapadura,
Resultado de uma vida dura.
Sinto o vento e sinto cheiro do mato,
Lugar para se admirar.

Da janela escuto o vaqueiro chamando as vacas,
Para a lida começá,
Cacimbas, lugar bom para se morar.

Tem muita alegria no meu lugar,
Aqui na rua posso brincar na estrada de terra,
Sem ter medo de me machucar.

Cacimbas é o meu lugar.
Lugar sem nenhuma violência,
Lugar de beleza,
Lugar de natureza.

Cacimbas, lugar pequenino,
Município de Morada Nova,
Pedacinho de Minas Gerais,
Lugar mil,
Que faz parte do meu Brasil.
                                                                               Autor: Filipe de Paulo Santiago Vales, 6º Ano.


   * Memória

                                                            De volta ao passado


    Falar do meu passado me emociona muito, porque me lembro do quanto era bom ser criança.
   Maravilhosos tempos aqueles: morávamos em um lugar pequenino, cheio de mato e cerrado, casas mal acabadas, construídas pelos próprios moradores, com paredes de pau a pique e cobertas com folhas de palmeira. Hoje as casas são de alvenaria, o mato e o cerrado desapareceu. O lugar é chamado de Povoado de Cacimbas, município de Morada Nova de Minas.
  Minha infância foi muito difícil. Perdi o meu pai aos quatro anos de idade e quando fiquei um pouco mais velha passei a trabalhar na roça para ajudar a sustentar meus irmãos. Nós passávamos por momentos ruins: principalmente a falta de comida. Naquela época não era de se estranhar que crianças ajudassem a família e com isso acabavam largando muito cedo os estudos. Eu tinha que andar quilômetros a pé para chegar a um curral, que era onde estudávamos. Tínhamos que esperar o pessoal tirar todo o leite das vacas para começar a aula, e não ganhávamos nem um “golinho” para esconder um pouco da fome.
   Naquele tempo o jeito de namorar também era diferente. Me lembro que quando conheci meu marido só podia namorar em casa, de mãos dadas e com os meus pais vigiando. Sabia já logo de “cara” que era compromisso para casamento, pois não podíamos ficar mal faladas na “redondeza”. Casei-me com treze anos e tive três filhos, passei por muitas dificuldades para a eles o que não tive: sonhos, comida nas horas certas e muito amor.
   Ao voltar no tempo vejo que passei por momentos difíceis e sofridos, mas entre tudo isso sou uma senhora feliz que construiu sua vida nesse povoado que cresce a cada dia.
  Minhas lembranças jamais irão acabar, pois enquanto eu viver vou carregá-las comigo.
                              (texto baseado na vida de Adélia Mendes da Costa, 53 anos).

                                                                                                Autora: Mara da Silva Oliveira, 7º Ano.


* Crônica


                                                        O raiar do sol à meia noite

   Já era noite de sexta-feira 13, eu e o cumpade Revalino voltávamos de Poções em nossos mulambos de cavalos, que era nossa única salvação, pois estávamos mais pra lá do que pra cá. E o incrível é que já era meia noite e o sol ainda raiava no horizonte. Até pensei que era lucidez da minha cabeça, mas foi quando o cumpade Revalino e os mulambos de cavalos arregalaram os zoios. Jesus apaga a luz e ascende as lamparinas do inferno. E num era que era verdade? No momento em que eu constatei que era verdade o que estava vendo, eu num sabia o que fazer. Num sabia se caia no mato, ou se metia espora no meu cavalo. E o meu cumpade Revalino até “rachava” os bico de tanto rir, como não tinha medo de nada, queria ver o sol de mais perto. E num é que de tanto ele chamar o trem, o trem veio....No exato momento em que o sol chegava mais perto, o cumpade começou a sentir uma grande ponta de medo e eu? Eu nem sentia mais medo. Eu fiz foi gritar com o cumpade Revalino:
   __ Mete espora e vamo embora, que o sol está vindo atrás de nós. Foi aí que a minha única salvação veio a me deixar no chão, o bagaço do meu cavalo trupicou num pidriguio e me derrubou. Ai meu Jesus, o que eu faço agora, eu num dava conta de correr, porque a queda foi meio feia e eu nessa tontura da “moléstia”, num dava conta neim de levantar do chão. Gritei o cumpade Revalino, mas o trem surdo só pensava em ir embora, tava morrendo de medo.
   Então só sobrou eu, a desgraça do meu medo e a regaça do sol que já tava atrapaiando minha vista. E o trem foi chegando, chegando, chegou mais um tiquinho e a urina foi descendo e eu tremeno. E de repente....eu apaguei.
   Quando dei por mim o sol da manhã já raiava na minha cara, o galo cantava, a vaca mugia, pois já tava na hora de levantar para tirar o seu tiquinho de leite. Aí eu vi que tudo num passava de um sonho! E eu nunca mais quero ver o sol briá no horizonte à meia noite.

                                                                            Autora: Lara Luíza Fernandes de Mesquita, 9º Ano.







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