sexta-feira, 29 de junho de 2012

Neurociência explica como funciona o cérebro do adolescente

                                                                                       Imagem: Domínio público

A neurocientista Suzana Herculano Houzel, autora do livros, Cérebro em transformação, o Cérebro Nosso de Cada Dia e Sexo, Drogas, Rock "n" & Chocolate, explica as mudanças que ocorrem no cérebro quando a criança passa para a fase da adolescência. Nessa fase é comum o adolescente gostar de se refugiar no quarto, se apaixonar loucamente, gostar de adrenalina e adorar quebrar regras, além de forçar um certo distanciamento dos pais. De acordo com Suzana, nesta época ocorre uma reorganização no cérebro do ser humano, onde ocorre também uma produção de matéria prima, ou seja, mais conexões entre os neurônios, seguida da eliminação das conexões que não servem mais. É uma fase de intenso aprendizado, o que ocorre por toda a adolescência. A neurocientista explica ainda que as mudanças mais específicas nesta fase são: - O sistema de recompensa, que nos faz sentir prazer e querer mais do que é bom, passa por grandes mudanças logo no começo da adolescência que provavelmente causam os sinais mais característicos da nova fase: o tédio, o gosto por riscos, a busca de novidades. - O córtex pré-frontal amadurece durante a adolescência e passa a permitir o raciocínio abstrato, melhora a memória e a concentração, e começa a permitir o controle de impulsos (aquele de contar até dez antes de xingar a mãe...) - O córtex órbito-frontal somente amadurece no final da adolescência e possivelmente permite, só então, o raciocínio conseqüente, ou seja, o comportamento responsável, que leva em consideração as conseqüências possíveis dos próprios atos antes da ação. Até então, adolescentes não sabem pensar sozinhos nas possíveis conseqüências ruins dos seus atos. - O circuito social somente amadurece no final da adolescência, quando permite que o adolescente se torne uma pessoa sociável, empática, solidária, capaz de se colocar no lugar dos outros e usar esta informação na hora de agir. Suzana explica que estas mudanças costumam começar primeiro nas meninas. "Elas começam a fase de transformação cerebral antes deles, e passam a adolescência inteira mais ou menos 'na frente' deles". A conseqüência da diferença no tempo da adolescência entre meninos e meninas é conhecida: meninas de 14 anos podem ser moças bastante maduras, enquanto meninos de 14 anos são meninos de 14 anos. Nesta fase o adolescente precisa conhecer e aceitar seus limites. Suzana diz que o autoconhecimento é um dos estudos da neurociência e uma grande contribuição para o adolescente. Necessidade de novos estímulos " É importante saber que precisamos de estímulos novos; que o cérebro se torna capaz de encontrar esses estímulos na literatura, no cinema, na música, no esporte, nas amizades; que usar drogas na adolescência é uma péssima idéia, porque o sistema sobre o qual elas agem está em uma fase crítica de sua formação; que somos impulsivos na adolescência e isso nem sempre é bom; que ainda não somos capazes de encontrar sozinhos todos os fatores, ou ao menos os mais importantes, a pesar na hora de tomar decisões, simplesmente porque a parte necessária do cérebro ainda não está pronta; que, mesmo assim, precisamos tomar nossas próprias decisões, porque é só assim que se aprende, diz Suzana> Fase de grandes paixões A pesquisadora diz ainda que por causa das transformações no cérebro, adolescentes vivem grandes paixões. Eles entendem melhor e mais rápido do que os pais como usar equipamentos novos, em parte pelo prazer de usar suas recém-descobertas habilidades de raciocínio lógico e intelectuais. É uma fase de grandes descobertas literárias, musicais, políticas e intelectuais de uma maneira geral, quando estantes e mentes começam a se encher de novas idéias. O fascínio recém-descoberto pelo abstrato leva o jovem não só a descobrir filosofias, como também a criar a sua própria. E aqui os adolescentes levam uma enorme vantagem sobre adultos: livres ainda de grandes responsabilidades sobre os ombros, eles têm tempo só para curtir isso tudo.
Mais informações: www.cerebronosso.bio.br


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